sexta-feira, 31 de março de 2017

Novo governo, novas vontades e uma nova forma de estar na educação, deram-nos a esperança de que a tendência destrutivo-suicida tinha chegado ao fim.
Resta-nos agora esperar que as ideias que andam pelo ar desçam à terra para que possam ser discutidas e trabalhadas e aquelas que forem viáveis possam começar a ser a pouco e pouco implementadas nas escolas.
Aos velhos do Restelo que acham que não se pode fazer muitas ondas e o melhor é mesmo ficar tudo como está porque já chega de mudanças é altura de perguntar mas que mudanças? A nossa escola está imutável há 150 anos! Continuar com esta estagnação é sinónimo de matar a escola.

Carta Aberta ao Sr. Ministro da Educação  

Tenho acompanhado com muito interesse e expectativa as ideias do ministério que coordena mas estou com receio que algumas das soluções que venham a ser implementadas (ações de formação de curta duração para professores, por exemplo) sejam demasiado parecidas com soluções que já foram implementadas noutros países e que a investigação já revelou que poucas melhorias introduziram.
Quase já não existe nas escolas o trabalho colaborativo dos professores para intervir nas turmas, continua a trabalhar-se muito para o teste ou para o exame. Os alunos estão exaustos e frustrados porque gastam tempo e energias a estudar assuntos que não lhes dizem nada e dos quais pouco aprendem.
Continuo a achar que enquanto não for alterado o diploma da gestão e administração das escolas, instrumento de controle de governos anteriores e uma verdadeira força de bloqueio para as mudanças imprescindíveis para as escolas, nada se vai alterar. Alguma autonomia sem democracia é o sistema de gestão e administração das escolas que temos atualmente, completamente descontrolado e dependente do bom senso e formação em liderança do diretor. Quando estes estão ausentes temos instalado na escola um sistema de governança, ao sabor de “lobies” e “achismos”, pouco centrado naquele que deve ser o foco da escola – a aprendizagem dos seus alunos.
É urgente trabalhar os aspetos pedagógicos que colocam o aluno no centro e por isso a aprendizagem e a avaliação que se desenvolvem na escola têm que ser trabalhadas com os professores, fornecendo-lhes todo o conhecimento de que carecem.
Sugiro, por exemplo, que o ministério prepare um conjunto de professores para que possam ser colocados um em cada escola para ensinar a escola a mudar as suas práticas, a desenvolver os seus documentos estruturantes, a encontrar e definir o seu currículo local.
Falta muito conhecimento e formação na escola e muitas vezes os próprios documentos fundamentais para a definição da missão e visão da escola são como uma manta de retalhos de pedaços retirados daqui e dali, só para se dizer que está feito.
Estou a torcer, com muita força, para que a prestação da sua equipa seja um enorme sucesso. O futuro da nossa educação precisa muito!