A Panaceia dos exames
Como podemos permitir que um
ministério da educação sem uma definição clara e transparente da política a
seguir, consiga destruir, em pouco tempo, o trabalho que vem sendo feito em
Portugal nos últimos 20 anos?
Apesar do enorme caminho que
ainda temos que percorrer, nomeadamente na formação inicial e contínua dos
professores, Portugal tem conseguido implementar alguns progressos na
qualificação da sua população. Estes progressos têm sido assinalados em alguns
estudos e relatórios realizados tanto internamente como no exterior.
Por outro lado, pelo facto de
ser membro da União Europeia, Portugal assumiu um conjunto de compromissos com
o objetivo de alcançar determinados resultados de melhoria que, em muitos
casos, estão definidos e quantificados.
Sem ligar minimamente para os
resultados da investigação realizada em todo o mundo, este ministério recorre à
demagogia para defender intervenções pontuais nas diferentes áreas.
Não existe, e se existe não é
perceptível, um rumo claro para o percurso seguido pelo ministério da educação.
Quando o MEC refere que “quanto maior for a exigência melhores resultados se
obtêm” é pura demagogia. Os resultados obtidos têm a ver com um conjunto de
condições de trabalho proporcionadas aos alunos, tanto na escola como em casa,
ao longo de toda a sua escolaridade, e não com a realização ou não de exames.
Um outro aspeto que este MEC
parece não ter em conta é o facto de a “escola” que o Sr. Ministro frequentou
já não existir. À escola actual é pedido que os seus alunos obtenham níveis de
sucesso. Que seja eficaz nos métodos que utiliza. Que apresente níveis de
eficácia consentâneos com as exigências que a sociedade e o mundo em geral
colocam. À escola de hoje é pedido que se guie por padrões de exigência que se
traduzam na melhoria da organização como um todo e nas relações que estabelece
com a comunidade. Pede-se à escola de hoje que seja inclusiva. Que se reja por
critérios de equidade e justiça, não descurando aqueles com necessidades
educativas especiais (Declaração de Salamanca). À escola de hoje é, ainda,
solicitado o desenvolvimento de competências dos alunos num quadro de valores
sociais importantes, como a cidadania, a educação para a paz, a educação para a
saúde. Mas, infelizmente, o Sr. Ministro ainda não percebeu que o sucesso de
uma sociedade depende da forma como prepara as mulheres e os homens que a
compõem. E, se calhar, não é bom exemplo a “escola” que o Sr. Ministro
frequentou pois o estado a que a sua geração e a anterior nos levaram não são
um exemplo a seguir.
Sem comentários:
Enviar um comentário