domingo, 15 de abril de 2012


A Panaceia dos exames

Como podemos permitir que um ministério da educação sem uma definição clara e transparente da política a seguir, consiga destruir, em pouco tempo, o trabalho que vem sendo feito em Portugal nos últimos 20 anos?

Apesar do enorme caminho que ainda temos que percorrer, nomeadamente na formação inicial e contínua dos professores, Portugal tem conseguido implementar alguns progressos na qualificação da sua população. Estes progressos têm sido assinalados em alguns estudos e relatórios realizados tanto internamente como no exterior.

Por outro lado, pelo facto de ser membro da União Europeia, Portugal assumiu um conjunto de compromissos com o objetivo de alcançar determinados resultados de melhoria que, em muitos casos, estão definidos e quantificados.

Sem ligar minimamente para os resultados da investigação realizada em todo o mundo, este ministério recorre à demagogia para defender intervenções pontuais nas diferentes áreas.

Não existe, e se existe não é perceptível, um rumo claro para o percurso seguido pelo ministério da educação. Quando o MEC refere que “quanto maior for a exigência melhores resultados se obtêm” é pura demagogia. Os resultados obtidos têm a ver com um conjunto de condições de trabalho proporcionadas aos alunos, tanto na escola como em casa, ao longo de toda a sua escolaridade, e não com a realização ou não de exames.

Um outro aspeto que este MEC parece não ter em conta é o facto de a “escola” que o Sr. Ministro frequentou já não existir. À escola actual é pedido que os seus alunos obtenham níveis de sucesso. Que seja eficaz nos métodos que utiliza. Que apresente níveis de eficácia consentâneos com as exigências que a sociedade e o mundo em geral colocam. À escola de hoje é pedido que se guie por padrões de exigência que se traduzam na melhoria da organização como um todo e nas relações que estabelece com a comunidade. Pede-se à escola de hoje que seja inclusiva. Que se reja por critérios de equidade e justiça, não descurando aqueles com necessidades educativas especiais (Declaração de Salamanca). À escola de hoje é, ainda, solicitado o desenvolvimento de competências dos alunos num quadro de valores sociais importantes, como a cidadania, a educação para a paz, a educação para a saúde. Mas, infelizmente, o Sr. Ministro ainda não percebeu que o sucesso de uma sociedade depende da forma como prepara as mulheres e os homens que a compõem. E, se calhar, não é bom exemplo a “escola” que o Sr. Ministro frequentou pois o estado a que a sua geração e a anterior nos levaram não são um exemplo a seguir.

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